domingo, 27 de fevereiro de 2011


Luiz Henrique à esquerda e Fred alto - Butokuden dojo 2006.
                Quanto ensinamento há no Aikido. O simples fato de cair... Ukemi é  a expressão que se refere às quedas nesta arte marcial. Está ligada ao fato de cair sem  se machucar. Mais que isso: em se levantar e continuar no fluxo das técnicas.
               Os praticantes se colocam um em frente ao  outro: se observam antes de a técnica se iniciar corporalmente falando. Estado de "não mente", tada ima (somente agora). Com respeito e honra  cumprimentam-se  de modo tradicional japonês. Os dois se curvam levemente: um sinal de respeito e entrega para que  possam crescer juntos. Logo se colocam em kamae (postura) com as mãos abertas de modo a "receber", de estar aberto ao outro, e seu desequilibrio momentâneo e que todos nós, estamos sujeitos a ter em algum momento da vida. O Uke desfere o ataque e é projetado ao solo, por exemplo. É aí que entra a questão de os praticantes treinarem bem  os diversos Ukemis que o aikido dispõe.
               É interessante que, o Aikido oferece diversas possibilidades de técnicas de queda, que vão sendo usadas mediante às situações ali colocadas: rolamento de frente, de costas, queda para trás, para frente, de lado, de ponta... Cada situação é única. Não há somente um caminho. Mas todas elas levam a um local:
o de amor.  Amor próprio. Cair sem se machucar é uma atitude de amor próprio. De quem se ama e se cuida.
            Lembro aqui, que no início,  é comum haver desconfortos com as quedas (ukemis) mas com o treinamento e esforço de cada um, cada hora menos o praticante irá cair sem se machucar, até o ponto de "repousar" quase que "flutuar" ao solo. Não só isso, ele se levanta em um movimento em fluxo e se coloca diante do outro. De pé. Firme e sereno diante à situação conflituante. Revigorado e restaurado. Está agora no mesmo "nível" que o outro. Não há sobreposição, ou pontas. Está harmonizado consigo mesmo, unificado ao  seu centro.
              Para os mais graduados, cair é interessante já que lhes mostra que sempre há aprendizado, para que o sentido filosófico disso tudo possa o despir de vaidades  desnecessárias e que o param no tempo.Que impedem muitas vezes de irem para frente.  Ao mesmo tempo, estando seguro de tudo o que sabe e confiante nisso tudo. O exercício da simplicidade ao meu ver, não pode fazer com que o praticante  esqueça de tudo o que aprendeu. Do que é. Do seu valor.  A idéia de amor próprio (que os Ukemis nos ensinam) está presente até mesmo aí.  Deve haver equilibrio em saber a hora de absorver e a hora de entrar.  Aikido é arte marcial  e acredito que devemos ter isso em mente. Atitude positiva e não passiva.
            Quantas vezes na vida, eu observo que alguém esbarra em nós. Cedo ou tarde isso acontece. E muitas vezes vamos para o chão. Aí vem a linda filosofia do Aikido. De uma " auto harmonia". O ensinamento do Aikido é muito bonito quando agimos (mesmo que inconscientemente) sabendo cair, levantando e se colocando novamente em pé. Em paz. Conectado ao universo. À Deus. Como a canção:  "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima".     
            Durante as aulas que eu estou dando, tenho batido muito nessa tecla. E deixo aqui essa sugestão aos senseis(instrutores) desta arte marcial.  Trabalhemos os diversos formatos de ukemis: Mae zempo kaiten ukemi, Ushiro zempo, hantem ukemi, Yoko ukemi(mae, ushiro), Ushiro otoshi Ukemi etc...
               Percebo que o praticante se sente mais seguro de si próprio. Não há medo que impede de ir para frente. Muitas vezes ele sabe cair, mas o medo faz com que ele trave. Graduados inclusive. Isso é uma preocupação. Caiu, levantou. Essa é a idéia.

Muito obrigado,
Fred.













"O Senhor é meu pastor e nada me faltará."
              

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