Luiz Henrique à esquerda e Fred alto - Butokuden dojo 2006. |
Os praticantes se colocam um em frente ao outro: se observam antes de a técnica se iniciar corporalmente falando. Estado de "não mente", tada ima (somente agora). Com respeito e honra cumprimentam-se de modo tradicional japonês. Os dois se curvam levemente: um sinal de respeito e entrega para que possam crescer juntos. Logo se colocam em kamae (postura) com as mãos abertas de modo a "receber", de estar aberto ao outro, e seu desequilibrio momentâneo e que todos nós, estamos sujeitos a ter em algum momento da vida. O Uke desfere o ataque e é projetado ao solo, por exemplo. É aí que entra a questão de os praticantes treinarem bem os diversos Ukemis que o aikido dispõe.
É interessante que, o Aikido oferece diversas possibilidades de técnicas de queda, que vão sendo usadas mediante às situações ali colocadas: rolamento de frente, de costas, queda para trás, para frente, de lado, de ponta... Cada situação é única. Não há somente um caminho. Mas todas elas levam a um local:
o de amor. Amor próprio. Cair sem se machucar é uma atitude de amor próprio. De quem se ama e se cuida.
Lembro aqui, que no início, é comum haver desconfortos com as quedas (ukemis) mas com o treinamento e esforço de cada um, cada hora menos o praticante irá cair sem se machucar, até o ponto de "repousar" quase que "flutuar" ao solo. Não só isso, ele se levanta em um movimento em fluxo e se coloca diante do outro. De pé. Firme e sereno diante à situação conflituante. Revigorado e restaurado. Está agora no mesmo "nível" que o outro. Não há sobreposição, ou pontas. Está harmonizado consigo mesmo, unificado ao seu centro.
Para os mais graduados, cair é interessante já que lhes mostra que sempre há aprendizado, para que o sentido filosófico disso tudo possa o despir de vaidades desnecessárias e que o param no tempo.Que impedem muitas vezes de irem para frente. Ao mesmo tempo, estando seguro de tudo o que sabe e confiante nisso tudo. O exercício da simplicidade ao meu ver, não pode fazer com que o praticante esqueça de tudo o que aprendeu. Do que é. Do seu valor. A idéia de amor próprio (que os Ukemis nos ensinam) está presente até mesmo aí. Deve haver equilibrio em saber a hora de absorver e a hora de entrar. Aikido é arte marcial e acredito que devemos ter isso em mente. Atitude positiva e não passiva.
Quantas vezes na vida, eu observo que alguém esbarra em nós. Cedo ou tarde isso acontece. E muitas vezes vamos para o chão. Aí vem a linda filosofia do Aikido. De uma " auto harmonia". O ensinamento do Aikido é muito bonito quando agimos (mesmo que inconscientemente) sabendo cair, levantando e se colocando novamente em pé. Em paz. Conectado ao universo. À Deus. Como a canção: "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima".
Durante as aulas que eu estou dando, tenho batido muito nessa tecla. E deixo aqui essa sugestão aos senseis(instrutores) desta arte marcial. Trabalhemos os diversos formatos de ukemis: Mae zempo kaiten ukemi, Ushiro zempo, hantem ukemi, Yoko ukemi(mae, ushiro), Ushiro otoshi Ukemi etc...
Percebo que o praticante se sente mais seguro de si próprio. Não há medo que impede de ir para frente. Muitas vezes ele sabe cair, mas o medo faz com que ele trave. Graduados inclusive. Isso é uma preocupação. Caiu, levantou. Essa é a idéia.
Muito obrigado,
Fred.
"O Senhor é meu pastor e nada me faltará."
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